Desde a Proclamação da República (1889) até os dias atuais, o Brasil teve uma sucessão de presidentes da República que enfrentaram contextos distintos: crises econômicas, guerras mundiais, ditadura, redemocratização, avanços sociais e tecnológicos.
Neste artigo, veremos quem foram esses presidentes, em que anos governaram, quais principais desafios enfrentaram e quais benfeitorias ou características marcaram seus mandatos.
Para facilitar sua leitura, o artigo está dividido em grandes blocos históricos, cada um com os presidentes daquele período.
Ao final de cada bloco, um resumo das tendências da época ajuda a situar. Vamos lá.
Primeira República (1889-1930)
Manuel Deodoro da Fonseca (1889-1891): Primeiro presidente da República (após a Proclamação).
Desafio: organizar o novo regime republicano, lidar com divisões civis e militares. Características: militar de carreira, postura de transição entre o Império e a República.
Floriano Peixoto (1891-1894): “Marechal de Ferro”. Desafio: controle de rebeliões, governar sem vice-presidente.
Benfeitorias: estabilização política inicial, manutenção da ordem.
Prudente de Morais (1894-1898): Primeiro presidente civil eleito. Desafios: crise econômica e social, tensões regionais. Características: tentativa de pacificação, retomada eleitoral.
Campos Sales (1898-1902): Inserido na chamada “política dos governadores”.
Desafio: endividamento externo, instabilidade financeira. Realizações: política de ajuste fiscal, fortalecimento do poder central.
Francisco de Paula Rodrigues Alves (1902-1906): Modernização urbana no Rio de Janeiro, saneamento.
Desafio: custo elevado das reformas e oposição política.
Afonso Pena (1906-1909): Expansão ferroviária, imigração. Desafio: mortalidade no interior, crise agrária.
Nilo Peçanha (1909-1910): Assumiu após morte de Afonso Pena.
Desafios: manter continuidade, instabilidade.
Hermes da Fonseca (1910-1914): Governo marcado por protestos militares, “Revolta da Chibata”.
Desafio: acomodar setores militares e sociais.
Venceslau Brás (1914-1918): 1ª Guerra Mundial. Desafios: neutralidade, empréstimos externos, inflação.
Delfim Moreira (1918-1919): Assumiu provisoriamente.
Desafio: epidemia de gripe espanhola, crise de legitimação.
Epitácio Pessoa (1919-1922): Pós-gripe, crise econômica.
Realizações: investimentos em infraestrutura, reforma eleitoral parcial.
Artur Bernardes (1922-1926): Período de “vigência plena” da República Velha.
Desafios: oposição política, agitações estaduais.
Washington Luís (1926-1930): Crise financeira mundial, movimento de 1930 que o derrubou.
Desafio: modernizar a economia e manter equilíbrio político. Realização parcial: obras, investimentos.
Tendências desse período: predominância das oligarquias estaduais (café-com-leite), economia agrária exportadora, pouca participação popular, instabilidade social crescente.
A transição para o próximo período traria ruptura.
Era Getúlio Vargas e Estado Novo (1930-1945)
Getúlio Vargas (1930-1945): Assumiu após golpe de 1930, depois forçou fechamento do Congresso e instalou o Estado Novo em 1937.
Desafios: crise da exportação do café, ascensão de regimes autoritários mundo afora.
Realizações: centralização do Estado, legislação trabalhista (CLT), industrialização inicial.
Características: carismático, populista, forte no discurso nacional-populista.
Redemocratização pós-guerra e 2ª República (1945-1964)
José Linhares (1945-1946, interino): transição do fim do Estado Novo.
Eurico Gaspar Dutra (1946-1951): Início da Constituição de 1946.
Desafios: reconstrução pós-guerra.
Realizações: alinhamento com EUA, criação do BNB, recuperação econômica.
Getúlio Vargas (2ª vez, 1951-1954): Retorno via eleição.
Desafios: oposição crescente, crise política.
Realizações: políticas sociais ampliadas, investimento estatal.
Café Filho (1954-55, assumiu após morte de Vargas)
Desafio: sucessão política, instabilidade.
Carlos Luz (1955, interino): breve mandato.
Nereu Ramos (1955-56, interino): estabilização transitória.
Juscelino Kubitschek (1956-1961): “Cinquenta anos em cinco”.
Desafios: custo da mudança de capital para Brasília, inflação. Realizações: construção de Brasília, crescimento acelerado da indústria.
Jânio Quadros (1961): Mandato curto (menos de um ano). Desafios: instabilidade política.
João Goulart (1961-1964): Tentativa de reformas de base, forte oposição conservadora, crise econômica.
Desafio: polarização ideológica e militar.
Tendência: flerte com reformas sociais, mas a crise política levou ao golpe militar em 1964.
Ditadura Militar (1964-1985)
Humberto Castelo Branco (1964-1967): Primeira fase do regime militar.
Desafio: consolidar poder militar.
Artur da Costa e Silva (1967-1969): Institucionalização de AI-5 (1968).
Desafio: repressão política e censura.
Junta militar (1969): A Junta ficou no poder por poucos meses em 1969, até que o general Emílio Garrastazú Médici fosse escolhido presidente.
Durante esse tempo, o Brasil aumentou o controle político e a censura, marcando um dos períodos mais duros da ditadura militar.
Emílio Garrastazú Médici (1969-1974): “Milagre econômico” brasileiro.
Desafio: desigualdade social, repressão.
Realizações: grande crescimento econômico, infraestrutura pesada.
Ernesto Geisel (1974-1979): Processo de abertura lenta (“distensão”).
Desafio: crise do petróleo, dívida externa.
Realizações: início da transição política.
João Figueiredo (1979-1985): Último presidente militar.
Desafio: hiperinflação, crise social, pressão por redemocratização.
Tendência: forte centralização, crescimento com repressão, depois esgotamento do modelo e abertura política forçada.
Nova República (1985 até hoje)
José Sarney (1985-1990): Primeiro presidente civil pós-ditadura. Assumiu após a morte do Presidente eleito pelo povo, Tancredo Neves. Não chegou a assumir.
Desafios: hiperinflação, transição democrática.
Realizações: Constituinte de 1988, fim oficial da ditadura.
Fernando Collor de Mello (1990-1992): Eleito jovem, lançou “Plano Collor”.
Desafios: inflação alta, corrupção que levou ao impeachment.
Realizações: abertura econômica inicial.
Itamar Franco (1992-1995): Assumiu após impeachment.
Desafios: estabilização econômica.
Realizações: criação do Plano Real (1994) que controlou a inflação.
Fernando Henrique Cardoso (1995-2003): Social-democrata, implementou privatizações, manteve estabilidade monetária.
Desafios: pobreza persistente, reforma do Estado. Realizações: consolidação do Plano Real, estabilidade macroeconômica).
Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011, e novamente desde 2023)
Desafio: elevar inclusão social, reduzir pobreza, crise internacional de 2008.
Realizações: programas sociais como Bolsa Família, crescimento econômico. Em seu retorno desde 2023 enfrenta polarização e reconstrução institucional.
Dilma Rousseff (2011-2016): Primeira mulher presidente.
Desafios: recessão, crise política, impeachment em 2016.
Realizações: continuidade de políticas sociais, avanços em energia.
Michel Temer (2016-2018): Assumiu após impeachment de Dilma.
Desafios: restabelecer confiança, reformas controversas (teto de gastos).
Realizações: aprovação de algumas reformas econômicas.
Jair Bolsonaro (2019-2022):
Desafios: pandemia de Covid-19, polarização, economia fragilizada.
Realizações: reformas da previdência (2019), investimento em armamento e liberalismo econômico parcial. Finalizou obras importantes, inacabadas de governos passados, como a Transposição do Rio São Francisco levando mais água ao Nordeste Brasileiro.
Luiz Inácio Lula da Silva (2023- até então): Agora em novo mandato, os desafios são grandes: reconstrução pós-pandemia, crise ambiental, reconectar o Brasil ao mundo, reduzir desigualdades. Inibir a corrupção.
Tendência: redemocratização plena, estabilidade institucional (apesar de crises), crescente participação social, expansão dos direitos. Todavia, também persistem desigualdades históricas e instabilidades políticas.
Considerações finais
Em resumo, ao longo da história republicana brasileira, alguns padrões se repetem: crises econômicas, disputas federativas (entre estado e União), tensão entre modernização e distribuição social.
Por outro lado, cada presidente trouxe seu estilo: militar ou civil, liberal ou intervencionista, mais voltado para crescimento ou para inclusão.
O dever do Povo é escolher bem, e cobrar seus representantes. Com respeito às opiniões contrárias. Com aprendizado. Com liberdade. E fazendo o melhor para o País.
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